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Apesar das cidades europeias terem cada vez menos espaços para os circos e divertimentos funcionarem, os europeus não os marginalizam e descriminam como ainda acontece em Portugal. Os municípios europeus até se dão ao imenso trabalho e elevado custo para as tornar possíveis ocupando avenidas, ruas, jardins e praças.

Nos países europeus os divertimentos são instalados enfrente às câmaras e edifícios com interesse cultural. Os espaços são grandes e bastante adequados para a sua actividade, há muito público e assim é fácil rentabilizarem o seu negócio; são locais aonde circulam muitas crianças e jovens, geralmente não há risco de atropelamento pois não há circulação de viaturas ou a circulação processa-se a baixa velocidade, é salubre e há todas as infra-estruturas ou quando não são permanentes são postas à disposição.

As feiras de diversões atraem muito público pelo que são muito importantes para o turismo. Elas são no estrangeiro um tipo de evento dos mais importantes.

Aliado às diversões há muitas outras actividades que se desenvolvem nestas feiras e há casos de cidades europeias em que a restauração ultrapassa a actividade/área ocupada das diversões. Os eventos misyos devido à maior oferta de serviços atraem mais público.

Devido à importância dos eventos apresenta-se um texto sobre o assunto e um programa de formação que a ADAPCDE está a preparar para ministrar brevemente.

 

1. A Importância Dos Eventos Para A Economia De Um País, Fonte – Programa Leonardo da Vinci 

1.1 A Importância Dos Eventos Para A Economia Portuguesa

O sistema turístico português estrutura-se basicamente no consumo do produto turístico Sol e Mar, centrado em três grandes eixos territoriais, que concentram 85% da procura turística (Algarve, Lisboa e Costa do Estoril e Madeira), o que obviamente provoca uma elevada concentração demográfica e promove um modelo de prática turística com uma elevada propensão sazonal.

Torna-se pois fundamental diversificar a oferta turística, quer ao nível dos territórios de uso turístico, quer ao nível da criação de novos produtos com capacidade para mobilizar tipos de clientes diferentes do tipo padrão do consumidor.

A aposta deverá situar-se numa atitude de promoção de um modelo alternativo do turismo de massas, que promova quer o turismo de natureza, quer o turismo cultural, quer o turismo de negócio e incentivo, onde podemos enquadrar o turismo de eventos.

A operacionalização de grandes eventos em Portugal terá certamente um efeito multiplicador quer a montante quer a jusante da própria actividade, já que terá uma consequência directa no processo da criação e do uso sistematizado de infra estruturas e equipamentos para a realização de eventos.

Amplia a capacidade de acção profissional, quer ao nível da formação específica necessária que habilita, credita e certifica técnicos para a área, quer ao nível da promoção e sustentação de emprego, reduzindo os efeitos da sazonalidade crónica existente no sector turístico.

 

No quadro macro-económico, gera maior riqueza em consequência de receitas directas, resultante do aluguer de espaços, e indirectas ao nível do alojamento, viagens, restauração e outros serviços turísticos complementares.

Do ponto de vista turístico, os benefícios serão evidentes pelo facto de um evento internacional (desportivo, cultural, político etc.) possibilitar a divulgação e a consequente expectativa de consumo futuro da oferta turística portuguesa, quer para aqueles que são agentes participantes no referido evento, quer para aqueles que através do evento obtêm uma mais esclarecida informação sobre o país.

Cada vez é mais crescente a importância que a realização de eventos tem na progressão económica de determinadas regiões.

Afectados por um modelo de promoção turística concentrado no tempo e no espaço, os agentes turístico-territoriais viram-se na contingência e na necessidade de procurar novos produtos que substituíssem, ou pelo menos complementassem, o já saturado consumo do património urbano e paisagístico.

As cidades e até as zonas balneares e de montanha de grande concentração sazonal começaram então a virar as suas atenções para a construção de um tipo de produto muito especifico (short-break) que conseguisse atrair para um determinado território um tipo de consumidor com motivações mistas (lúdicas e profissionais).

Enquadradas neste sistema de oferta turística de curta duração, encontramos eventos que poderão prolongar-se num intervalo de tempo que pode ir de três dias (congresso) a um mês (Jogos Olímpicos, Campeonatos do Mundo de Futebol, etc.) e que são declaradamente uma mais-valia no incentivo ao investimento e no peso do rendimento per capita.

Tendo o turismo um peso considerável no PIB português (entre 8 a 10%), correspondem os eventos organizados, sobretudo em contexto urbano, a uma percentagem variável, mas tendencialmente crescente (de 0,75% a 2% do PIB turístico). Este factor decorre do facto de existir uma capitalização directa decorrente do evento em si, mas também da capacidade de consumo que está associada ao perfil padrão do consumidor de eventos.

Segundo dados do Lisboa Convention Bureau, para além dos custos inerentes ao evento em si, este tipo de turismo gasta em valores médios o equivalente a 250 euros por dia em produtos turísticos, aluguer de viaturas e recordações, exceptuando o custo de deslocação, alojamento e restauração.

O facto de um determinado território organizar um evento multiplica a valorização económica do local, por via da influência clara no trânsito turístico directo, já que em muitas situações os participantes em determinado evento trazem acompanhantes, situação que no mínimo duplica o consumo turístico, para além de funcionar como um mecanismo de promoção turística local, já que uma considerável fatia de consumidores de eventos permanece no local entre mais 3 a 5 dias e um valor considerável volta em férias com a família a breve trecho.

A organização de eventos tem um papel muito significativo na ampliação do PIB das regiões onde estes são realizados, quer por via da entrada directa de recursos financeiros (nacionais e comunitários) necessários à sua concretização, quer por via das receitas decorrentes da sua realização, quer ainda por via do efeito multiplicador a jusante da própria actividade.

Existem, todavia, outros efeitos económicos que, não sendo de consequência financeira directa, têm também uma enorme importância nas contas regionais ao nível da ampliação do investimento, das receitas e do consumo, factores que são efectivamente crescentes, por via da influência que os eventos têm no mercado de emprego directo, consequência dos postos de trabalho criados, sejam eles de carácter permanente, durante a realização do evento e após o evento, ou de carácter sazonal, no período de execução dos eventos.

A organização de qualquer tipo de evento promove necessariamente, quer por via da adaptação quer por via da edificação, e consequente investimento, a valorização do parque imóvel, ampliando a riqueza patrimonial local.

O efeito promocional decorrente da realização de um evento permite que mais gente conheça o território e as suas potencialidades, funcionando como elemento gerador de atractividade turística.

A realização de eventos por via da adaptação infra-estrutural de um território a este tipo de produto vai necessariamente obrigar a um maior investimento no parque hoteleiro e de restauração e a uma consequente ampliação da renda turística local.

Também os serviços e o comércio vêem em consequência dos eventos ampliada a sua actividade e em muitas circunstâncias ampliada a iniciativa de investimento no sector.

 

1.2 A Organização De Eventos E A Economia Da Informação E Comunicação

Existe uma relação funcional entre a realização de um evento e o aparelho de promoção comunicacional do mesmo. Tal factor é gerador de custos, já que inicialmente é necessário fazer investimento promocional, ao nível da divulgação, marketing e publicidade.

Posteriormente pode retirar-se mais-valias em consequência de se fazer operacionalizar o modelo de merchandising que lança no mercado um conjunto de produtos de marca registada para venda ao público (T-shirts, bonés, canetas, porta-chaves, etc.). Também nos casos de eventos de forte projecção mediática se obtêm mais-valias em consequência da venda dos direitos de transmissão e publicidade associada (transmissão televisiva e radiofónica).

 

1.3 A Organização De Eventos E A Actividade Turística

Existe uma forte associação entre a organização de eventos e a actividade turística. Se não considerarmos os eventos de carácter desportivo que, tendo uma periodicidade fixa, se realizam todavia em contextos geográficos diferentes, temos que os principais eventos geradores de receita turística se enquadram em três grandes subprodutos. Estes são:

O turismo de negócios e incentivos;

O turismo de ferias e exposições;

O turismo de conferências e congressos.

 

1.3.1 O turismo de negócios e incentivos

O turismo de negócios e incentivos é responsável anualmente por uma elevada cota de entradas e estadas turísticas em contexto urbano e que resulta da enorme fluidez de viagem que os negócios hoje em dia têm.

 

1.3.2 O turismo de ferias e exposições

As feiras e as exposições têm um calendário fixo e conhecido internacionalmente, tendo por matriz a diferenciação temática, e ocupam os espaços devidamente preparados para tal ao longo de todo o ano.

 

1.3.3 O turismo de conferências e congressos

As conferências e congressos cobrem diferentes temáticas (científicas, promocionais, políticas e sociais) que reúnem um elevado número de participantes durante um período muito limitado de tempo.

Relativamente aos dois últimos produtos (1.4.2 e 1.4.3), eles só têm viabilidade económica se houver uma conjugação de factores, nos quais se destacam a capacidade das infra-estruturas, as questões de segurança, centralidade e acessibilidade e o factor custo adequado.

 

2. Os Sectores De Projecção Económica Que Entram Na Cadeia De Multiplicação Decorrente Da Realização De Eventos

2.1 Conteúdo Desta Secção

2.2 A economia local e o efeito da multiplicação económica dos eventos

 

2.2 A Economia Local E O Efeito Da Multiplicação Económica Dos Eventos

Os eventos são naturalmente um produto económico de grande matriz multiplicadora. Se entendermos o efeito de multiplicação como a capacidade que um determinado produto tem de ampliar as suas receitas, quer directamente em consequência da venda do produto, quer indirectamente pelo facto desse mesmo produto possibilitar a venda de outros que não lhe são imputados, temos uma clara capacidade de catalização económica associado à produção de eventos por via da ampliação de receitas decorrentes de actividades, que antecedem o evento, se desenvolvem ao longo do evento e geram receitas depois do eventos ter terminado. Associado ao produto está claramente inscrita a capacidade que a promoção de eventos tem de gerar emprego, e em consequência, consumo.

 

2.2.1 A diversificação económica

A realização de eventos numa determinada área pode desencadear um processo de diversificação económica e o desenvolvimento dos sectores associados e de apoio.

 

2.2.2 A qualificação profissional

A qualificação profissional associada à promoção de eventos é de fundamental importância porquanto estamos claramente a actuar no quadro das novas profissões, para as quais não há muitas pessoas preparadas. Desde gestores de evento a gestores de sala, passando por pivots de informação, hospedeiras e relações públicas, estamos no âmbito de profissões que têm sobretudo uma matriz profissionalizante e uma menor vocação académica. Nesse contexto, é fundamental apetrechar os quadros profissionais com modelos de formação base no sector, ao mesmo tempo que se torna fundamental desenhar conteúdos para formação de activos e para o campo das especializações. Neste contexto, deve o formador desenhar perfis de acção para cada um dos níveis de formação e de especialização profissional.

 

2.2.3 O emprego

O mercado de emprego pode encontrar na organização de eventos um forte campo de acção, já que qualquer produção é gerador de trabalho a três fases:

A fase de preparação e organização;

A fase de execução;

A fase de avaliação e prossecução dos projectos sustentados.

Com esta metodologia de trabalho, uma equipa base deverá fazer o percurso transversal a todo o sistema de organização, execução e avaliação do projecto. Neste campo, o grupo de trabalho é de um reduzido número de participantes, mas existe uma elevada estabilidade profissional. Com a fase de execução, a tendência passa por aumentar consideravelmente o número de activos, embora estes sejam recrutados para desempenhar tarefas específicas e apenas durante o período das mesmas.

 

2.2.4 As infra-estruturas e as acessibilidades

Do ponto de vista económico, a realização de eventos obriga a um forte investimento na adequação de infra-estruturas para a operacionalização do mesmo, quer ao nível da construção de equipamentos de raiz, quer ao nível da reformulação e equipamentos de infra-estruturas já existentes.

Considerando que estas infra-estruturas e equipamentos assumem cada vez mais a condição de multiusos, as suas despesas de manutenção e obras são pagas através do seu aluguer.

Um aspecto igualmente importante é a qualificação ou criação de acessibilidades para um acesso mais rápido a essas unidades. Este factor é fundamental para potenciar a experiência do evento e reduzir os efeitos negativos nas áreas circundantes.

 

2.2.5 A oferta de serviços complementares

A organização de eventos em determinada região possibilita necessariamente o incremento de serviços complementares ao próprio evento. Torna-se, por isso, necessário:

Ampliar e qualificar a rede de alojamentos na região;

Ampliar a rede de serviços de restauração;

Criar suportes de lazer e de animação que sustentem a presença para além do espaço e do tempo de duração do evento;

Criar uma rede de transportes e de aluguer de carros para garantir a mobilidade dos visitantes;

Criar condições para a emergência de iniciativas locais de emprego ao nível do comércio e serviços.

 

2.2.6 O efeito económico directo da organização de eventos

A organização de eventos produz níveis de valorização económica das regiões onde são realizados. Existem efectivamente indicadores de receita directos, por via do activo económico decorrente do aluguer do espaço e da venda de ingressos, mas também existe uma fonte de receita substantiva, quer por via dos processos de patrocínio e apoio, quer por via da sponsorização do evento.

 

2.2.7 Os efeitos económicos colaterais da organização de eventos

Para além dos efeitos directos de rentabilidade económica, são manifestos os efeitos, quer a montante do evento, por via da contratação de mão-de-obra local, instalação em alojamentos da equipa de organização, etc., quer a jusante, por via do retorno de visitantes na forma de consumo turístico.